quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Sugestão de leitura

- Ei! Leo! Apagaste a tocha?
- Apagou-se Desculpe a tocha apagou-se…
- Imbecil!
A única tocha que iluminava o grupo apagara-se, e agora a busca teria de continuar na noite escura.
Um outro homem juntara-se ao primeiro e vasculhava com as mãos as fendas da casca da árvore. Tobias até sentia o ar agitado pelo movimento daquelas mãos, tão perto dele. O segundo homem tinha bebido, de certeza, porque tresandava a álcool e os seus gestos eram violentos e desordenados.
- Eu mesmo hei-de apanhá-lo. Sou eu que vou desfazê-lo. E depois diremos aos outros que não o encontrámos.
O outro ria dizendo ao seu companheiro de caça:
- Aquele já não muda. Na passada Primavera matou quatro térmitas!
Sim, para eles, Tobias era pior que uma térmita, e certamente iam assá-lo no fogo, enfiado num espeto.
As duas sombras estavam sobre ele. Já nada poderia salvá-lo. Tobias não conseguia despregar o olhar daquele céu que não cessara de o ajudar a aguentar-se. Viu o pau descer na sua direcção, virou-se bruscamente de lado e o caçador não sentiu senão um ramo duro de árvore sob o bastão.
Mas o outro homem já mergulhara o braço no buraco.
Os olhos de Tobias transbordavam de lágrimas. Viu o homem pousar a enorme mão sobre si, parar, deslizá-lo um pouco mais para cima, perto do seu rosto.
Então, estranhamente, Tobias sentiu que o medo o abandonava. Uma grande paz envolvera todo o seu corpo. Tinha até um pálido sorriso nos lábios, quando ouviu uma voz terrível sussurrar, num murmúrio de prazer:
- Apanhei-o. Apanhei-o.
Em redor, fez-se silêncio.
Disponível na Biblioteca da Escola!

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