quarta-feira, 8 de julho de 2009

O papel do Avaliador Externo: Desafios de Rigor e Credibilidade


Tendo sido ontem apresentado a edição número 4 da ANQ "A sessão de júri de certificação: momentos, actores, instrumentos - Roteiro Metodológico", lançámos ao Dr João Lima (co-autor) o desafio de partilhar connosco uma pequena reflexão sobre qual o papel do Avaliador Externo no âmbito dos processos de RVCC.


"Parto da ideia simples (mas complexa de implementar) que devido ao facto do Avaliador Externo ser um elemento que não acompanha o desenvolvimento do processo de Reconhecimento de Competências com os adultos, a relação que este estabelece com a equipa deve ser de confiança. Muito do trabalho realizado neste contexto parte efectivamente de um esforço inicial por parte do/a Avaliador Externo (promovendo muitas vezes reuniões, visitas e trabalhos preparatórios iniciais) de conhecer a realidade de trabalho, o contexto de actuação e o modelo/metodologias implementadas pela equipa. Se esta fase inicial exige algum empenho por parte de todos, a verdade é que o grau de confiança obtido é fundamental para uma relação consolidada a médio e longo prazo.

Como referi, o facto do Avaliador Externo apenas conhecer o adulto no momento da Sessão de Júri, e indo ao longo dos contactos com a equipa, obtendo algum feedback informativo sobre o trabalho realizado, resulta em dois factores distintos. Por um lado a mais-valia de apenas recorrer aos portefólios para uma leitura de evidência de competências que são imperativo categórico estarem presentes para validação. Por outro lado, a menos-valia de, não conhecendo o adulto, poder descurar o lado do conhecimento pessoal, que os profissionais de RVCC e formadores possuem e que pode, na sua essência, permitir uma fundamentação para as propostas de validação das competências de acordo com os referenciais de competência ora para o nível básico, ora para o nível secundário.

Uma das imensas vantagens que encontrei ao colaborar com a equipa do Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária de Pombal foi o uso de suportes tecnológicos, assentes numa lógica da Web Social (ou 2.0) que me permitia, quer pelo acesso aos grupos de trabalho na plataforma Ning, quer pela visualização dos e-portefólios, conhecer um pouco mais do trabalho desenvolvido, não tendo apenas acesso ao produto final mas também ao processo pelo qual este é revelado na sua forma conclusiva. Tenho também a destacar a verdadeira tónica de aprendizagem do uso destas ferramentas pelos adultos em processo, assim como, na dinâmica que a equipa de profissionais RVCC consegue levar a cabo.

Termino com um ponto de honra. A Sessão de Júri, onde o adulto é a figura chave e o Avaliador Externo a figura tutelar do reconhecimento social do próprio processo, sempre que é valorizada, tal como aconteceu sempre que fui convidado pelo Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária de Pombal, resulta numa construção que deve associar a qualidade desejada, o rigor evidente e o reconhecimento do trabalho de todos (equipa e adulto) no olhar presente e atento do Avaliador Externo. Se queremos, efectivamente valorizar o processo de Educação e Formação de Adultos por via da Iniciativa Novas Oportunidades, temos que ganhar cada vez mais este terreno do reconhecimento público, visível e rigoroso do trabalho que é feito, com qualidade, como é exemplo o que foi realizado nos últimos anos por uma equipa dedicada, profissional e competente como é a do Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária de Pombal.

Votos de sucesso a todos os adultos e bom trabalho para a equipa!"

.
João Lima - Avaliador Externo

Sem comentários: