Há aproximadamente três anos que faço parte da equipa do CNO da Escola Secundária com 3º Ciclo de Pombal. Neste período, diversas têm sido as vivências e as aprendizagens que o trabalho na área de Educação e Formação de Adultos me tem proporcionado.
Durante dois anos, exerci funções de Profissional de RVC e desse tempo guardo, no meu livro de recordações, o espírito de camaradagem, de entreajuda, a humildade e a força de vontade de pessoas que, pelas dificuldades da vida, não conseguiram prosseguir os seus estudos, compreendendo a realização do Processo RVCC como uma oportunidade de valorizar as competências adquiridas em vários contextos, num outro tipo de ensino: a escola da vida.
A partir de Setembro de 2008, comecei a exercer funções enquanto Técnica de Diagnóstico e Encaminhamento, actividade um pouco diferente daquela a que estava habituada até então. Sou agora o elemento da equipa técnico-pedagógica responsável pelo acolhimento, diagnóstico e encaminhamento dos candidatos que se dirigem ao Centro com o desejo de concluir o 4º,6º,9º e/ou 12ºano de escolaridade.
Na verdade, é interessante verificar a diversidade de motivações e expectativas com que os candidatos chegam ao nosso Centro: muitos pretendem apenas alcançar uma certificação escolar que lhes possa valorizar a sua carreira profissional e aumentar os seus conhecimentos, enquanto outros, anseiam por uma certificação escolar e profissional, aliada à possibilidade de aquisição de uma bolsa de formação.
Muitas das pessoas que se dirigem ao Centro, demonstram a intenção de desenvolver um Processo RVCC. Todavia, considero importante relembrar que este Processo, ao contrário do que muitos afirmam, não é fácil, nem é a única possibilidade que o candidato tem para completar o seu nível de qualificação. De facto, o exercício de reflexão em torno das experiências de vida, bem como a evidenciação das competências exigidas no Referencial de Competências-Chave é algo muito trabalhoso e para o qual muitos adultos não apresentam capacidade para fazer. Por isso, é extremamente importante que o Técnico de Diagnóstico e Encaminhamento desoculte as necessidades, expectativas e capacidades que o candidato apresenta para o poder encaminhar para a melhor oferta formativa, em função do seu perfil. Assim, é fundamental que se estabeleça um clima de confiança e de empatia entre o Técnico de Diagnóstico e Encaminhamento e o candidato para que ele o possa orientar, desocultar e encaminhar na revalorização dos saberes de que é portador e, ainda, a desmistificar as ideias que encara como absolutas.
Entendo que ainda há muito para fazer no sentido de dar resposta ao elevado número de candidatos encaminhados para os Cursos de Educação e Formação de Dupla Certificação devido à limitação da diversidade de oferta formativa. Todavia, a nossa missão mantém-se: encaminhar os candidatos para os percursos educativos/formativos mais adequados em função do perfil e do percurso profissional, formativo, social e familiar que apresentam.
Como referiu Mark Twain, “o segredo de progredir é começar. O segredo de começar é dividir as tarefas árduas e complicadas em tarefas pequenas e fáceis de executar, e depois começar pela primeira.”
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Patrícia Amado - Técnica de Diagnóstico e Encaminhamento
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